terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sobre pai, sobre amor



Esses últimos dois meses têm sido bem difíceis e delicados aqui em casa.
Meu sogrinho querido, pessoa totalmente do bem, pura e com um coração enorme, teve um problema sério de saúde e parece que está se preparando para alçar vôo.
Ele já é velhinho, tem 85 anos. Nesses 11 anos de convívio, nunca o vi doente, nem com uma gripezinha. 
Tão pouco o vi desejando mal à uma mosca.

Ele é aquela pessoa quase ingênua, apesar de muito inteligente, que está sempre com um sorriso nos olhos e um copo de vinho na mão. Aquele que quebra o ritmo alucinado que nós, jovens, vivemos, para oferecer uma banana, contar pela enésima vez uma piada, cantar uma musiquinha, falar uma expressão em italiano...
Aquele ser tão leve que depois de ouvir uma história muito triste, sem deixar de se emocionar, diz: Tudo bem (e agora consigo ouvir sua voz e ver seu sorriso infantil).

É muito triste saber que ele está sofrendo numa UTI, logo ele que sempre desconfiou dos médicos.
Mas sempre procuro tirar alguma coisa boa das merdas que a gente passa na vida.
E ainda agora, mesmo sem poder falar, ele tá ensinando muito, pra todos que tiveram a alegria da sua presença e companhia.

Agradeço à ele, do fundo do meu coração, por ter sido um pai tão amoroso e suficiente pro meu marido. E por ter sido exemplo de Homem, com H maiúsculo. Tão delicado e tão forte.
Muito do que me encanta no meu marido, reconheço no fundo dos olhinhos azuis do meu sogro.
E se quero que ele seja o pai do meu filho, se já amo o pai que ele será, é porque confio no pai que ele teve.

Com isso muita coisa me invade. Poderia escrever muito sobre amor, sobre pais e filhos, sobre meu pai (e como eu amo), sobre meu irmão (e tudo que ele representa), sobre perdas, sobre segurança, sobre meu vô, sobre a história de amor dos meus sogros, sobre família, sobre como meu sogro ficou feliz quando soube que seria avô, sobre como me dói saber que meu filho não vai conhecer esse vôzinho tão doce...
Mas não seria suficiente pra aliviar meu peito.

Queria poder evitar toda essa dor do meu marido (e da minha sogra e cunhadas), mas não posso.

Mas ainda posso dizer ao meu sogro, obrigada. 
Um obrigada que vem lááá de dentro, e que nem dá pra definir  porquê. 
E posso dizer ainda, te amo. Sem medo de parecer frágil demais, porque sabemos que é essa fragilidade que nos dá cor, nos dá sabor e nos torna especiais.


6 comentários:

  1. Fê, lindo seu texto!
    Foi com lágrimas nos olhos que li e reli a descrição do seu querido sogro... E com lágrimas nos olhos que senti a emoção que deve estar enchendo seu coração neste momento.
    Infelizmente, a vida traz situações sobre as quais não temos qualquer controle.
    Mas se permitir "sentir" é o que nos faz humanos, o que, para usar suas palavras, "nos torna especiais".
    Certamente, você não poderá evitar a dor do seu marido e família. Mas sem dúvida alguma sua sensibilidade e amor poderão amenizá-la, um pouquinho que seja.
    Fiquem bem! Vou rezar por vocês...
    Beijos,

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  2. Oi Ferna!!
    quero jà o seu e-mail!
    quero vc do meu lado nesse momento.
    se vc quizer e claro.
    besos.

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  3. Ferna, nossa. Difícil comentar quando tudo já está tão (bem) dito. Só posso agradecer você ter compartilhado de maneira tão bela, “delicada e forte”, dor tão imensa. Te mando forças e um abraço que, se pudesse ser real ao invés de virtual, seria.
    Natalia

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  4. Que Deus possa confortar toda a familia nesse momento... bjs

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  5. Oi Ferna!!
    ja privatizei o blog
    estou esperando sua visita.
    besos.

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  6. Lindo texto, lindo amor descrito tão suavemente...
    Tenha certeza que por mais que não possa evitar a dor de seu marido, tê-la ao seu lado é tudo o que ele mais precisa. Meu marido foi e é tudo na falta de minha mãe...
    Sei bem o que diz, mas ele estará sempre por perto. Tenha certeza.
    Obrigada pelo carinho e preocupação.
    Beijos carinhosos.

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e aí...